3. Receitas de Splashes: Alto impacto

Sensores ou disparadores automáticos

Até agora nós trabalhamos em duas técnicas, que eu chamamos de “mergulho” e “baixo impacto“. Note-se que elas mostram que a fotografia de splash não precisa ser sincronizada com precisão minuciosa em todos os casos. A razão para essa escolha foi puramente didática; aqueles splashes eram mais fáceis de se obter, considerando que uma vez adicionada a sincronização completa, você precisa no mínimo de mais equipamento. Até há pouco tempo, esse equipamento só estava disponível em estúdios profissionais sofisticados: era caro, difícil de operar e desajeitado demais de carregar. Ultimamente, no entanto, viu-se a difusão do conhecimento necessário para construí-los. Isso reduziu os preços relativamente e tornou possível aos iniciantes experimentar esse tipo de foto.

 

O papel do sensor é disparar o flash num ponto preciso do tempo — um momento tão breve que seria impossível para um humano por si só disparar o flash precisamente. Nas duas últimas Receitas de Splash, esse momento era curto, decerto, mas não como um balão estourando, que ocorre a cerca de 1/10000 de segundo. Para o flash piscar nesse ponto tão preciso, é necessário um disparador automático.

 

 

Balão cheio d’água estourando à 1/10000 do segundo.

 

 

 

Neste terceiro post da série, isso será exemplificado numa foto de um cubo de gelo caindo num copo d’água. Mais precisamente, nós queremos captar o momento em que o cubo atinge a água e causa o splash, como nesta foto:

 

Um cubo de gelo caindo em um copo com água, com ajuda de um sensor a laser.

 

Antes de explicar o conceito específico desta técnica, devemos salientar que existem várias formas para que um sensor funcione: por som, movimento, vibração, infravermelho ou laser. O laser e o infravermelho são praticamente idênticos; no entanto, o laser é mais prático, mais versátil e muito mais preciso. O som é usado especificamente para casos em que o som é preponderante  ao movimento, como no caso de balões estourando.

Sensores a laser

O sensor a laser, por sua praticidade, versatilidade e precisão, é preferido pela maioria dos fotógrafos. Existem inúmeras versões no mercado. Todos eles têm recursos comuns: um emissor de um facho e um receptor. Quando são é alinhados e ativados, eles detecta tudo que  os interrompe. O raio em si é invisível, a menos que seja envolvido por fumaça ou névoa. Eles são bem conhecidos por seu uso em alarmes que protegem obras de arte, como é comum nas cenas de filmes de assaltos a museus. A diferença básica é que, em vez de ativar um alarme sonoro, eles disparam a luz de um flash eletrônico. Além disso, podemos fazer ajustes de atraso em milésimos de segundos. Estes atrasos permitem ao fotógrafo decidir quanto tempo é necessário para captar a imagem ideal avançado no tempo, ou seja, após o raio ser interrompido.

 

Sensor a laser da Multibase: www.multibase.com.br
  1. Conexão ao emissor laser
  2. Conexão ao receptor laser
  3. Fonte
  4. Cabo P2 / PC para conectar o sensor ao flash
  5. Ajuste de sensibilidade
  6. Configurações de atraso
  7. Ajuste fino de atraso

Em nosso próximo exemplo vamos fotografar um splash de um cubo de gelo caindo em um copo d’água. Em vez de usar o gelo natural, que derrete rapidamente e é desigual, preferimos uma réplica de acrílico, comumente usada na propaganda, que é muito mais prático e tem um excelente apelo estético. Uma das grandes vantagens desta traquitana é evitar quebrar copos. O que poderia acontecer se o cubo de gelo acertar suas bordas. Imagine o prejuizo se isso aacontecesse durante um trabalho publicitário  durante uma sessão de uma sequência de splashes usando copos de cristais.

Assim, para um melhor controle e consistência, improvisamos a seguinte traquitana para facilitar o direcionamento e o impacto do cubo de gelo caindo. Na verdade, é um canal graduado que direciona e altera a altura e o impacto do gelo para dentro do copo. Desta forma, será possível replicar a ação a cada tentativa de uma forma bastante consistente.

É recomendável usar um prumo para assegurar o alinhamento correto da trajetória do cubo de gelo através do canal. O alinhamento preciso evita a quebra des copos.

 

Set completo, pronto para a soltura do gelo.

 

Detalhe do laser visto com ajuda de um spray.

 

Neste exemplo, vamos usar o sensor começando sem nenhum atraso. Assim que o gelo cruza o facho de laser, um sinal é emitido para o flash, e o cubo de gelo é capturado enqunato ainda está suspenso no ar, como na foto a seguir:

Gelo passando pelo laser sem retardo, ou seja, a 0ms.

 

Assim como nos posts anteriores, a camera é ajustada manualmente em cerca de 3 segundos de esposição, prefocada e fotometrada com o gelo posicionado encima do facho do laser. Em seguida, com um dedo aperta-se o obturador da camera (ou radio-flash) e com a outra mão libera-se o gelo, que ao passar pelo laser ativa o flash, enquanto a imagem é capturada antes dos 3 segundos do fechamento do obturador.

Para avançar no tempo sugere-se regular o sensor em incrementos de 20ms em cada nova tentativa como no exemplo a seguir:

110ms: tempo ideal para um belo splash.

 

 

Nesse ponto as variações vão depender:

  1. Altura da caida do gelo pela canaleta ou distância do copo até a traquitana
  2. Tamanho do gelo em relação a abertura do copo
  3. Peso do gelo
  4. Formato do copo
  5. Quantidade de líquido no copo

 

Divirtam-se!

 

Agência: b \ ferraz; cliente: Pernod; Art-buyer: Alyne Cunha; Diretor de arte: Renan
Gago; Retoque digital: Ruy Reis

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