Sensores ou disparadores automáticos
Até agora nós trabalhamos em duas técnicas, que eu chamamos de “mergulho” e “baixo impacto“. Note-se que elas mostram que a fotografia de splash não precisa ser sincronizada com precisão minuciosa em todos os casos. A razão para essa escolha foi puramente didática; aqueles splashes eram mais fáceis de se obter, considerando que uma vez adicionada a sincronização completa, você precisa no mínimo de mais equipamento. Até há pouco tempo, esse equipamento só estava disponível em estúdios profissionais sofisticados: era caro, difícil de operar e desajeitado demais de carregar. Ultimamente, no entanto, viu-se a difusão do conhecimento necessário para construí-los. Isso reduziu os preços relativamente e tornou possível aos iniciantes experimentar esse tipo de foto.
O papel do sensor é disparar o flash num ponto preciso do tempo — um momento tão breve que seria impossível para um humano por si só disparar o flash precisamente. Nas duas últimas Receitas de Splash, esse momento era curto, decerto, mas não como um balão estourando, que ocorre a cerca de 1/10000 de segundo. Para o flash piscar nesse ponto tão preciso, é necessário um disparador automático.
Neste terceiro post da série, isso será exemplificado numa foto de um cubo de gelo caindo num copo d’água. Mais precisamente, nós queremos captar o momento em que o cubo atinge a água e causa o splash, como nesta foto:
Antes de explicar o conceito específico desta técnica, devemos salientar que existem várias formas para que um sensor funcione: por som, movimento, vibração, infravermelho ou laser. O laser e o infravermelho são praticamente idênticos; no entanto, o laser é mais prático, mais versátil e muito mais preciso. O som é usado especificamente para casos em que o som é preponderante ao movimento, como no caso de balões estourando.
Sensores a laser
O sensor a laser, por sua praticidade, versatilidade e precisão, é preferido pela maioria dos fotógrafos. Existem inúmeras versões no mercado. Todos eles têm recursos comuns: um emissor de um facho e um receptor. Quando são é alinhados e ativados, eles detecta tudo que os interrompe. O raio em si é invisível, a menos que seja envolvido por fumaça ou névoa. Eles são bem conhecidos por seu uso em alarmes que protegem obras de arte, como é comum nas cenas de filmes de assaltos a museus. A diferença básica é que, em vez de ativar um alarme sonoro, eles disparam a luz de um flash eletrônico. Além disso, podemos fazer ajustes de atraso em milésimos de segundos. Estes atrasos permitem ao fotógrafo decidir quanto tempo é necessário para captar a imagem ideal avançado no tempo, ou seja, após o raio ser interrompido.
- Conexão ao emissor laser
- Conexão ao receptor laser
- Fonte
- Cabo P2 / PC para conectar o sensor ao flash
- Ajuste de sensibilidade
- Configurações de atraso
- Ajuste fino de atraso
Em nosso próximo exemplo vamos fotografar um splash de um cubo de gelo caindo em um copo d’água. Em vez de usar o gelo natural, que derrete rapidamente e é desigual, preferimos uma réplica de acrílico, comumente usada na propaganda, que é muito mais prático e tem um excelente apelo estético. Uma das grandes vantagens desta traquitana é evitar quebrar copos. O que poderia acontecer se o cubo de gelo acertar suas bordas. Imagine o prejuizo se isso aacontecesse durante um trabalho publicitário durante uma sessão de uma sequência de splashes usando copos de cristais.
Assim, para um melhor controle e consistência, improvisamos a seguinte traquitana para facilitar o direcionamento e o impacto do cubo de gelo caindo. Na verdade, é um canal graduado que direciona e altera a altura e o impacto do gelo para dentro do copo. Desta forma, será possível replicar a ação a cada tentativa de uma forma bastante consistente.
Neste exemplo, vamos usar o sensor começando sem nenhum atraso. Assim que o gelo cruza o facho de laser, um sinal é emitido para o flash, e o cubo de gelo é capturado enqunato ainda está suspenso no ar, como na foto a seguir:
Assim como nos posts anteriores, a camera é ajustada manualmente em cerca de 3 segundos de esposição, prefocada e fotometrada com o gelo posicionado encima do facho do laser. Em seguida, com um dedo aperta-se o obturador da camera (ou radio-flash) e com a outra mão libera-se o gelo, que ao passar pelo laser ativa o flash, enquanto a imagem é capturada antes dos 3 segundos do fechamento do obturador.
Para avançar no tempo sugere-se regular o sensor em incrementos de 20ms em cada nova tentativa como no exemplo a seguir:
Nesse ponto as variações vão depender:
- Altura da caida do gelo pela canaleta ou distância do copo até a traquitana
- Tamanho do gelo em relação a abertura do copo
- Peso do gelo
- Formato do copo
- Quantidade de líquido no copo
Divirtam-se!
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