Receitas – Colisão De Gotas

Olá! Nesta edição das nossas Receitas de Splash eu vou mostrar a vocês não somente uma técnica, mas uma nova traquitana desenvolvida recentemente. Ela serve para fotografar uma gota d’água caindo num recipiente cheio de água e, mais do que isso, cabe numa maleta. Este set nos permite registrar o exato momento em que a gota atinge a água, e consiste das seguintes partes:

  • a traquitana em si, que pode ser vista em toda sua simplicidade no set;
  • uma garrafa plástica de soro, que pode ser vista em (1), e que vai conter a água;
  • um sensor Digiflash, em (2), como o que foi usado no último post;
  • os transdutores infravermelhos em (3);
  • um flash (4) — usamos um Nikon, mas pode ser de outra marca e modelo, desde que produza relâmpago de duração curta;
  • um recipiente pequeno (5) — e este é o set básico, que pode ser sofisticado pela adição de:
  • uma espécie de aparador de gotas (6);
  • uma garrafa (7);
  • uma tocha Digiflash (8);
  • um suavizador de luz (9).

A característica mais importante dessa traquitana é permitir que a gota caia exatamente no mesmo ponto a cada foto, e isso acontece de maneira muito simples. Primeiramente, o fotógrafo pré-foca em algum objeto pequeno posicionado no ponto onde cai a gota. Então, na penumbra, o abre-se o obturador em B. Quando se abre a válvula, a água goteja — o gotejamento é controlado por uma válvula no tubo, e nas tentativas iniciais, é mais fácil deixar cair um pingo por vez. Assim que a gota atinge o nível dos emissores infravermelhos, eles enviam um sinal para o sensor, que por sua vez dispara o flash. O fotógrafo fecha o obturador e a foto está pronta.

Agora, é claro que se o sensor disparasse o flash instantaneamente, a câmera registraria somente a água parada no recipiente. Para capturar a ação, o sensor deve ser atrasado antes de disparar o flash — coisa de milissegundos. Este ajuste é regulado por um botão de delay, que determina quanto o sensor vai esperar antes de disparar o flash. Cabe ao fotógrafo decidir o estágio exato da ação a ser registrado.

A única diferença entre os setups A e B é que no setup B há um pequeno aparador conectado a uma garrafa abaixo do tubo. O propósito da adição é permitir que fotografemos gotas colidindo no ar, uma técnica conhecida como “colisão de gotas”. Isso acontece basicamente da seguinte maneira: uma gota atinge a água, mergulha, sobe e nesse preciso momento vem uma nova gota e a atinge no ar. Para conseguir esse efeito, deve haver uma frequência regular no gotejamento, diferentemente do que tínhamos no set A. Note-se que essa frequência deve ser minuciosamente ajustada, para que as gotas se choquem. No entanto, se nós simplesmente deixarmos o gotejamento fluir sem parar, a água no recipiente vai virar uma bagunça, de tantas bolhas e marolas — daí o aparador. Ao girá-lo para interromper ou não o fluxo, consegue-se manter uma frequência constante na válvula e mesmo assim interromper o fluxo de modo a preservar a água no recipiente parada. Nós também não vamos querer molhar todo o set, então a água desviada pelo aparador é coletada na garrafa plástica em (7), podendo ser reciclada para mais fotos em seguida, o que é especialmente conveniente em casos de líquidos coloridos preparados.

Observe que ao fotografar colisões de gotas, se você utilizar um flash pequeno, que recarrega rapidamente, em vez de deixar o obturador em B, ajuste para 1 segundo, que é suficiente para capturar a colisão e ao mesmo tempo evita dupla exposição.

Em C existe a opção de usar um difusor e uma fonte de luz diferente. Isso é para demonstrar que, mesmo que você não trabalhe com flashes pequenos, o set ainda assim é fácil de transportar com cabeças maiores e mesmo assim portáteis, que vão gerar uma qualidade de luz diferente, como pode ser visto nos exemplos abaixo — o primeiro iluminado com um Nikon SB 24 e os seguintes com tochas da Broncolor.

Estas formas, plásticas e icônicas, simples em elementos e ainda assim de uma geometria complexa e coesa eram invisíveis, como quasares e proteínas, até adventos técnicos e industriais da fotografia no século XX, já que o olho humano não é capaz de captar um momento tão breve em meio ao caos da criação líquida. Hoje, podemos ver em cristalinos detalhes toda a beleza e o encanto da natureza por meio da fotografia de alta velocidade, ao registrá-la como que em estado de graça. O resultado imagético é chamado de escultura líquida e está a meio caminho entre dois tipos de obra de arte, a espontânea e a efêmera, reunidas pela direção e pela técnica do artista.

Além do básico, qualquer experimentação é possível. Pode-se considerar modificar a água com corante, ou mesmo substituíl-a por qualquer outro líquido, como leite, por exemplo. Mudanças na direção de luz, uso de gelatinas coloridas, conjunções de mais flashes, seja para aumentar a potência ou para obter diferentes efeitos especiais de iluminação, enfim, qualquer coisa produzirá resultados criativos diferentes e valiosos.

Divirtam-se!

2 thoughts on “Receitas – Colisão De Gotas

  • Caro Edval, trata-se de um flash profissional da marca Broncolor, modelo Graffitti que já foi substituido pelo modelo Scoro – http://www.broncolor.com/broncolor/products/power-packs/. O representante no Brasil é a Importécnica – 11-5052-5344. Observo que é um equipamento muito sofisticado que em muitas situações pode ser substituído por flashes portáteis de baixo custo que chegam a ter disparos ainda mais rápidos embora não tão potentes. Sucesso e bons disparos!!!

Comments are closed.